O amor

Dar é dar.
Fazer amor é lindo,
é sublime,
é encantador,
é esplêndido,
mas dar é bom pra cacete.

Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca,
te chama de nomes que eu não escreveria,
não te vira com delicadeza,
não sente vergonha de ritmos animais.

Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar,
sem querer apresentar pra mãe,
sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.

Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral,
te amolece o gingado, te molha o instinto.

Dar porque a vida de uma publicitária em começo de carreira é estressante, e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para as mais desavisadas, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazia.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar,
para apresentar pra mãe,
pra dar o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar: "Que cê acha amor?".
Dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda,
muito mais do que
qualquer coisa,
uma chance ao amor, esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa,
cura o mau humor,
ameniza todas as crises e faz você flutuar
o suficiente pra nem perceber as catarradas na rua.

Se você for chata, suas amigas perdoam.
Se você for brava, suas amigas perdoam.
Até se você for magra, as suas amigas perdoam.
Mas... experimente ser amada."

Me diga o que é o amor...

Me diga você, que já viveu muitas vidas e ainda assim não sentiu a bela brisa da manhã de fins de novembro, quando parece que o mundo conspira pra fazer-te feliz ( a despeito de teus sentimentos de melancolia), me diga como poderemos ser felizes em fim, como poderemos esquecer nossos erros e cavalgar juntos em busca da tão sonhada felicidade propagandeada em anúncios de neon, no meio de ruas pelas quais não passamos. Enquanto outras pessoas exercem sua tão hábil futilidade, ainda consigo vislumbrar( e me comover com ) os teus olhos pequenos e sábios a me cortejar, mesmo quando me dizes os maiores absurdos lembrando de meus erros, de coisas e de pessoas que não mais povoam um minuto sequer de minha lembrança e que não atribuem, agregam ou retiram nada do que sou e quero pra mim.
pense e lembre sempre que és minha certeza, meu vórtice. Minha vontade se queda e se move em função e por você. Quero meus momentos contigo. teu sussurro, teu sorriso, me alimentam e me dão um norte um futuro e uma certeza. teus braços como minha fortaleza, meu ponto de partida e terra não explorada a grassar, como naufrago ou corsário, mas sempre na certeza de que cada momento, ´por mais fugaz que seja, torna-se perene quando lembro da vida abismal que tive..antes de me sentir aquecido pela estrela da manhã que você representa em minha vida.



"Os Movimentos imigratórios no Brasil

Nosso  país é uma terra de contrastes. Desde a época da colonização portuguesa, às entradas dos bandeirantes perpassando o ciclo da borracha e da cana de açúcar, fomos movidos por essa força que é a mão de obra invisível, mal remunerada e aproveitada a exaustão de negros escravos,índios catequizados, migrantes italianos, nortistas da borracha e nordestinos construindo ideais megalomaníacos como Brasília, capital da esperança, do "país do futuro" como diria Zweig
Passado o boom expansionista e com o advento da globalização, pode-se pensar que o fenômeno de êxodo social tão estudado em décadas passadas estaria em em fase de equilíbrio e diminuição. Ledo engano; mudamos o panorama econômico e cultural em muitas frentes mas o cerne da questão ainda é o mesmo. persiste a necessidade de políticas públicas que contemplem o desenvolvimento econômico sem que para tanto se formem "bolsões" de desenvolvimento artificiais, carentes de mão de obra não especializada. Esse fenômeno, já há muito entronizado em nossa cultura, colabora para os movimentos sazonais de migração para os grandes centros, em busca de melhores condições de subsistência, fuga da fome, da violência. muda-se o cenário, mas os atores são os mesmos. Nossas "zonas francas" mostraram-se insuficientes e ineficazes para garantir autonomia de geração de emprego e renda. A exploração do potencial turístico no nordeste não absorve e/ou atende a demanda por trabalho. Continuam ainda a vender o sonho de uma vida melhor os estados de São paulo e Rio de Janeiro, amparados pela campanha estatal como as da copa do mundo por vir que trará empregos e renda. Vivemos a época da informação, mas nossa sociedade em sua maioria carece do básico, e por esse motivo ainda persistirá, em ampla expansão a figura do retirante, com olhos tristes e esperançosos a espera do seu tão almejado, e de várias formas cantado, contado e quase nunca alcançado, lugar ao sol.