Quando conheci você te ofereci
uma flor, recurso universal dos enamorados. Plantastes então dúvidas e
curiosidades. Logo te mostrei o meu (quase nunca usado) sorriso sincero e
recebi em troca olhares de desconfiança.
Procurei as palavras, minhas e de
outros para evidenciar minhas certezas e sentenças – em vão. Citei Leminsk, Bandeira
e Whitman; cantei Baden, Cartola e tantos mais; todos os dias. Ouvi injustiças.
Por pecados meus de ontem, há muito
esquecidos, pedi perdão e até pelos de um improvável amanhã. Quebrei barreiras
dizendo a mim, ao mundo e a ti o quanto és e o que és. Encontrei no eco de minhas palavras não aceitas a certeza
de que, se estava fadado a sofrer, seria por ti.
- Tamanha era (é) minha certeza deste e de
todos os sentimentos idos ao teu encontro que não encontram abrigo.
Existe a palavra certa para
exprimir o que sentimos e pensamos? Existe o momento certo para saber amar?
Sempre achei que palavras são
como roupas, muda-se o estilo e quem veste/escreve muda também. Não media o
tempo, vivia a certeza da brevidade da minha existência e me agarrava as minhas
convicções com tanta força e paixão que cada fim de dia era comemorado como um
milagre em particular, verdadeiro momento da criação. O mais próximo de Deus
que pude chegar.
Mudei minhas vestes, parei o
tempo – tu, meu universo particular. – com
leis e regras próprias. Onde sou pequeno como uma gota, infinito e completo.
Você é meu lugar, minha terra onde
os dias tem todas as horas, as tristezas e alegrias são infinitamente maiores.
Não sou sombra, sou de carne e agora sangro.
Sou bom porque sou contigo
O que não fui e nunca quis ser.
Você pode não ser minha alma, mas
ajudou a moldá-la.