Piriguetes, Gaby Amarantos e aparelhagens


Esse ano, o Brasil e em especial os paraenses testemunharam a explosão da cantora e projeto de cover da Beyoncé Gaby Amarantos. Nada contra a minha conterrânea, gosto é gosto, vivemos num país dito democrático onde temos que aprender a conviver com as diferenças, sem contar que ela merece seu lugar ao sol e os 15 minutos de fama que está recebendo agora.
O que me preocupa enquanto educador é o tipo de modelos estamos oferecendo aos nossos jovens. Nas novelas e demais programas de televisão mostram atrizes lindas vestidas de "periguetes", ao som do "tecnobrega", o que acaba por influenciar as pessoas a seguirem essa tendência. O perigo mora justamente ai, nessa glamorização. As atrizes que aparecem rebolando e dançando em trajes sumários são muito bem pagas e estão representando um papel, dificilmente utilizam na vida real modelitos mostrados nas novelas e muito menos escutam ou participam de festas onde esses estilos musicais tocam. Essa é a industria televisiva que lucra com isso, deixando de mostrar a prostituição,violência e uso de drogas sempre presentes em festas de aparelhagens, onde a grande maioria dos frequentadores é menor de idade, de baixa renda e não muitas vezes longe do ambiente escolar e com pouco ou nenhum suporte familiar. Quem mora em Belém do Pará sabe ao que estou me referindo e pode atestar em plena semana essas festas acontecendo em todos os bairros da cidade com quase nenhuma fiscalização das autoridades salvo aquela parada estratégica da polícia que todos sabemos para que é. Não tenho nada conta os músicos que vivem disso, nem contra os donos de aparelhagens, emissoras de televisão e rádio, eles só estão ganhando seu dinheiro e deixando o ônus para a sociedade.
Não são os filhos e filhas deles que estão em situação de risco. Clamo as autoridades competentes que tomem medidas mais severas em eventos desse porte e coíba o ingresso de menores de idade. Não é uma simples questão de gosto "cultural"  cada um pode fazer o que quiser desde que tenha discernimento para isso, como cidadãos devemos combater essas mazelas embutidas nesses modismos que catalizam e amplificam os problemas sociais de uma população já fragilizada, como acontece no Rio de Janeiro com os bailes funk,onde observamos os mesmos aspectos já relacionados aqui.

Para saber mais: clique aqui

Esse é um bom exemplo da nossa cultura
La Pupuna - Ela é americana



Para relaxar...

....um clipe de meu irmão tomé azevedo : Filha de Yemanja - Juliele


O amor

Dar é dar.
Fazer amor é lindo,
é sublime,
é encantador,
é esplêndido,
mas dar é bom pra cacete.

Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca,
te chama de nomes que eu não escreveria,
não te vira com delicadeza,
não sente vergonha de ritmos animais.

Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar,
sem querer apresentar pra mãe,
sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.

Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral,
te amolece o gingado, te molha o instinto.

Dar porque a vida de uma publicitária em começo de carreira é estressante, e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para as mais desavisadas, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazia.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar,
para apresentar pra mãe,
pra dar o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar: "Que cê acha amor?".
Dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda,
muito mais do que
qualquer coisa,
uma chance ao amor, esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa,
cura o mau humor,
ameniza todas as crises e faz você flutuar
o suficiente pra nem perceber as catarradas na rua.

Se você for chata, suas amigas perdoam.
Se você for brava, suas amigas perdoam.
Até se você for magra, as suas amigas perdoam.
Mas... experimente ser amada."

Me diga o que é o amor...

Me diga você, que já viveu muitas vidas e ainda assim não sentiu a bela brisa da manhã de fins de novembro, quando parece que o mundo conspira pra fazer-te feliz ( a despeito de teus sentimentos de melancolia), me diga como poderemos ser felizes em fim, como poderemos esquecer nossos erros e cavalgar juntos em busca da tão sonhada felicidade propagandeada em anúncios de neon, no meio de ruas pelas quais não passamos. Enquanto outras pessoas exercem sua tão hábil futilidade, ainda consigo vislumbrar( e me comover com ) os teus olhos pequenos e sábios a me cortejar, mesmo quando me dizes os maiores absurdos lembrando de meus erros, de coisas e de pessoas que não mais povoam um minuto sequer de minha lembrança e que não atribuem, agregam ou retiram nada do que sou e quero pra mim.
pense e lembre sempre que és minha certeza, meu vórtice. Minha vontade se queda e se move em função e por você. Quero meus momentos contigo. teu sussurro, teu sorriso, me alimentam e me dão um norte um futuro e uma certeza. teus braços como minha fortaleza, meu ponto de partida e terra não explorada a grassar, como naufrago ou corsário, mas sempre na certeza de que cada momento, ´por mais fugaz que seja, torna-se perene quando lembro da vida abismal que tive..antes de me sentir aquecido pela estrela da manhã que você representa em minha vida.



"Os Movimentos imigratórios no Brasil

Nosso  país é uma terra de contrastes. Desde a época da colonização portuguesa, às entradas dos bandeirantes perpassando o ciclo da borracha e da cana de açúcar, fomos movidos por essa força que é a mão de obra invisível, mal remunerada e aproveitada a exaustão de negros escravos,índios catequizados, migrantes italianos, nortistas da borracha e nordestinos construindo ideais megalomaníacos como Brasília, capital da esperança, do "país do futuro" como diria Zweig
Passado o boom expansionista e com o advento da globalização, pode-se pensar que o fenômeno de êxodo social tão estudado em décadas passadas estaria em em fase de equilíbrio e diminuição. Ledo engano; mudamos o panorama econômico e cultural em muitas frentes mas o cerne da questão ainda é o mesmo. persiste a necessidade de políticas públicas que contemplem o desenvolvimento econômico sem que para tanto se formem "bolsões" de desenvolvimento artificiais, carentes de mão de obra não especializada. Esse fenômeno, já há muito entronizado em nossa cultura, colabora para os movimentos sazonais de migração para os grandes centros, em busca de melhores condições de subsistência, fuga da fome, da violência. muda-se o cenário, mas os atores são os mesmos. Nossas "zonas francas" mostraram-se insuficientes e ineficazes para garantir autonomia de geração de emprego e renda. A exploração do potencial turístico no nordeste não absorve e/ou atende a demanda por trabalho. Continuam ainda a vender o sonho de uma vida melhor os estados de São paulo e Rio de Janeiro, amparados pela campanha estatal como as da copa do mundo por vir que trará empregos e renda. Vivemos a época da informação, mas nossa sociedade em sua maioria carece do básico, e por esse motivo ainda persistirá, em ampla expansão a figura do retirante, com olhos tristes e esperançosos a espera do seu tão almejado, e de várias formas cantado, contado e quase nunca alcançado, lugar ao sol. 

Para refletir



       A história é sempre contada pelo prisma do vencedor, não existem lados, o que existe é vontade de se perpetuar no poder e tirar proveito disso, não importam cores nem siglas, a venalidade sempre estará entranhada em nossa sociedade enquanto formos "gado", comprando a ideologia do momento e gritando sem sentido coisas das quais não entendemos mas que nos parecem certas. E esse é justamente o discurso dos "intelectuais" que grosso modo são o outro lado da moeda dos que estão no poder. Acredito na lisura e probidade de uns poucos, mas a maioria de nossos representantes, quando consegue chegar ao poder, se deixa corromper por ele. 
Como dizia o xará do meu cachorro, Nietzsche, que entendia do assunto: "para algo parecer verdade basta ser imposto e repetido". 
Simples e eficaz repetir, (uma idéia, uma imagem etc..)é o segredo quando queremos que alguém acredite. Assim fazem os mentirosos ocasionais e os profissionais, os pregadores, dentre outros. Lindberg Farias, por exemplo, era presidente da une em 1992, participou do movimento caras-pintadas e apoiava o impeachment do então presidente fernando collor de melo. Verdadeiro lider estudantil, incitou muitos estudantes a irem as ruas, os rosto pintados com as cores da bandeira nacional, gritando palavras de ordem aprendidas ali mesmo, um saudosismo de um período que não viveram (das passeatas estudantis contra a ditadura) influenciados pela mídia que agora virava as costas ao presidente que ajudara a apoiar. Anos se passaram e vemos esse mesmo líder estudantil transformado em político com longo histórico, não mais de militância em prol da nação mas de acusações fraude, propina, e superfaturamento de licitações. Na política esse exemplo, infelizmente parece regra, não exceção.
Qualquer um que queira fazer sua visão prevalecer deve ser hábil em repetir a própria idéia e jamais mostrar que, ele mesmo, não acredita no que diz. Se bem ou mal intensionado, isso a história julgará, mas enquanto nos influenciarmos por discursos sem prévio julgamento e análise crítica e nos empolgarmos pela revolução do momento que as midias apoiam, continuaremos merecendo a pecha de gado, necessitados de capatazes oportunistas.

Em casa , em paz

Ossos do ofício, que malfazeja expressão, desperta pensamentos do tipo: "se pintar coisa melhor eu largo". Ainda acredito que todos temos a profissão que escolhemos e nem sempre a que merecemos. Eu adoro o meu trabalho, amo o que faço.
Apesar das dificuldades foi o que eu escolhi pra ser e fazer.  A mim o que importa é estar bem comigo mesmo, e com a carreira que escolhi.
Pelo menos vivo segundo meus princípios. Feliz com meu lado profissional e completo com o meu lado pessoal. As ervas daninhas eu vou cortando aos poucos, pois acredito ainda que odiar e me ressentir só fará mal a mim mesmo. Mas ao  menos eu vivo, com alegria e fé (não aquela que a mitologia religiosa oferta). Minha carreira merece (e tem) toda a minha atenção. O resto a mim não importa, e nessa filosofia vou vivendo e produzindo, deixando  aos infelizes e ressentidos a dor e a tristeza de suas vidas pequenas e sem sentido. Triste do ser  humano que vive expectativas  alheias e que nutre apenas rancores pelo que não conquistou.

                                               Trabalho





Muito disso


Continuo cético, mas que esse pensamento é muito pertinente é:

"A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração,sorrir às pessoas que não gostam de mim, para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam,calar-me para ouvir, aprender com meus erros,afinal, eu posso ser sempre melhor!
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade,Para que eu possa acre
ditar que tudo vai mudar,a abrir minhas janelas para o amor.E não temer o futuro,A lutar contra as injustiças.Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo.
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade.Para que eu possa acreditar que tudo vai mudar."
Charles Chaplin

Eu não acredito no futuro da humanidade...


...ao menos num futuro inteligente. Como a mesma espécie que produz um Beethoven  e um Saramago pode produzir (aos milhares) Funkeiros, pagodeiros e os muitos paulos coelhos que aparecem todos os dias? a mídia nos bombardeia de subcelebridades, as novelas vulgarizam a figura da mulher, isso pra não falar da erotização de nossas crianças e adolescentes. Enquanto esse lixo midiático é veículado à exaustão, questões mais pertinentes como a greve nas universidades, e nos hospitais públicos passa, salvo uma nota tacanha aqui e ali, sem ser notada. Creio cada vez mais que o futuro, mostrado no filme Idiocracia será o que teremos pela frente. Ainda bem que já estarei morto.

Se ainda duvidam, assistam o filme e tirem suas próprias conclusões:

Do amor nada sei


Do amor nada sei,se dele fizer prisão. Se for uma poesia bonita declamada sem alma ou verdade ou se não puder gritar ao mundo que amo, e amo em profundidade, não será amor. O homem é amor, ausência e falta dele. matamos e morremos por amor. Amamos causas, pessoas e animais, às vezes nos amamos também.
Ter uma pessoa ao lado como coisa,  possuir, conter ou refrear...não rimam com amar. Amar é saber o tempo, é errar a dose - exagerados sempre são os que amam, de verdade. Quem ama esquece o texto, perde a paciência  - e pede perdão. Chora e ri, assiste o filme chato sem dormir, "cola" na pessoa como carrapato. Liga várias vezes ao dia e fica calado (quer escutar) e se fala se atropela nos quês e nos porquês.  Você já amou sabe disso, sabe do que falo. Se amou e não foi correspondido ou foi ilusão, não lamente, você amou ao menos uma vez. Estrada sem rumo e viver sem amar, se a minha jornada terminar agora, terei completado todos os meus caminhos, pois levarei sempre comigo o amor que me preencheu...
e se no findar de meus dias olhar para trás, sorrirei e poderei abraçar meus demônios sem medo, pois com esse amor venci-os todos.

Zeitgeist

Documentário muito bom, vale a pena assistir e refletir...

http://www.youtube.com/watch?v=SXl7mRb5Tww


ATENÇÃO

    Evitando qualquer processo judicial que poderia ocorrer contra a minha pessoa, declaro, desde já, que o conteúdo deste site pode não corresponder à realidade e expressa apenas as minhas idéias a respeito dos temas/assuntos, ideias estas publicadas aqui, preservando e colocando em uso o meu direito de liberdade de expressão garantido pelos artigos 5o e 200o da Constituição Brasileira.

O homem que apanhava estrelas (adaptado de "The starcatcher"


         Das várias histórias e figuras da minha infância que guardo na memória, uma que ficará para sempre gravada é a de um forasteiro que veio morar no pequeno povoado em que nasci, quando da construção da linha de trem, que prometia ligar o litoral ao outro extremo do continente, trazendo progresso e civilização. Trouxe gente de todas as cores e falas,costumes estranhos. 
Nós, naturais do lugar, aprendemos a conviver e aceitar essa nova situação, assim como abríamos as mãos para receber os cobres que ganhávamos pelos mais diversos serviços para atender aos novos moradores. 
Pequenos comércios surgiram em cada porta, onde se vendia de tudo: rendas e bordados, serviços e os mais diversos quitutes. E para as mais licenciosas e já passadas dos anos sem casamento a vista surgiu a oportunidade de oferecer certos “serviços” dos quais não se faz propaganda, mas que em todo povoado e cidade existe. 
E com isso a nossa pequena vila começava a tomar forma de pequena cidade, à medida que as obras para receber a ferrovia aumentavam. 
Mas o que era sonho logo acabou. A ferrovia veio, mas por um desses caprichos do destino (atendendo ao interesse de importante político) resolveu-se mudar o trajeto para outro municípo a quilômetros da nossa vila. Com isso, do mesmo modo que os forasteiros (e principalmente o seu dinheiro) surgiram, do dia para a noite se foram, deixando para trás algumas contas não pagas, uma meia dúzia de bastardos (chamados pela gente faladeira e maledicente de filhos do trem) e umas tantas desiludidas mal faladas e sifilíticas que ficaram a esperar as promessas de casamento que nunca iriam acontecer.
De todos os forasteiros sobrou apenas um que nomeia essa história que conto agora, e mesmo passados tantos anos, da minha meninice ao término de uma vida, ainda flutua em meus pensamentos tão viva que bem poderia ter acontecido agora a pouco. 
Esse forasteiro, ninguém soube precisar porque, não partiu ao raiar do dia como os demais. Continuou a morar num pequeno sobrado que comprara ao chegar à cidade de uma viúva local, que, mal pegando valor acertado da venda, partiu como tomada por loucura, gritando coisas que ninguém entendeu e sumiu-se por esse mundo afora.
De começo, sua presença passou quase sem alarde, mas à falta de coisa melhor para fazer, não demorou muito a sua estada ser assunto de todas as rodas, das velhas faladeiras aos poucos homens de letras, todos só comentavam o “porquê” do forasteiro não ter partido.
A curiosidade se tornou tamanha, que um grupo resolveu investigar por conta própria. Indagaram o dono do armazém que lhe mandava entregar mantimentos, e ele só respondia que se limitava a mandar deixar as encomendas através de moleques de recado, que por sua vez pouco ou nada sabiam. Chamaram pela preta velha que cuidava da casa desde o tempo da antiga proprietária que  com seu falar desdenhoso esbravejou: - em assunto de patrão eu não me fio e nem me enfio, fico no meu canto e dele não saio. E deu de costas rindo alto às gargalhadas. Procuraram pelo Dono do único botequim que sobrara na cidade, nada. Pelo padre que dizia a missa aos domingos e pelo sacristão que tinha fama de mexeriqueiro, tiro em vão, nada sabiam também. Não frequentava a rua das putas tampouco e nunca saia de dia, apenas em noites de céu estrelado quando se dirigia com sua luneta e outros petrechos (por este motivo ganhou das crianças a alcunha de "apanhador de estrelas") rumo a um morro próximo aos limites da cidade onde ficava por horas esquecidas. Quando era visto na rua e alguém lhe dirigia a palavra, retirava o chapéu, sorria e retomava seu passo, sem dizer palavra.

À medida que a cidade ficava cada vez mais pobre, triste e sem esperança pela volta da prosperidade passada, maior era a curiosidade que brotava na alma de seus moradores, e todos, na intimidade, tramavam ser os primeiros a descobrir o motivo desse estranho ainda ficar nessa vila condenada, onde as pessoas só ficavam por costume, ou medo de se aventurar mundo afora.

Numa noite quente e sem lua, alguns rapazes, cheios de ressentimentos e com a coragem que só a bebida dá, resolveram descobrir o mistério por trás daquele estranho que não falava com ninguém, (talvez, pessavam eles, por se julgar superior) e que se vestia de modo diferente ao do povo ordinário.
- Ele não frequenta o bar, só deve beber coisas finas, nossa cachaça não serve pra ele! Disse um mais amigo do álcool. 
- Não vai à igreja aos domingos, não é temente a Deus, e um homem sem Deus no coração não é digno de confiança! Falou um mais ressentido.
 - As nossas mulheres ele não procura, ele é tão melhor que nós assim para não se deitar com gente da nossa laia? Ao que todos concordaram.

Armados de paus,pedras e foices tocaram rumo ao sobrado do fim da rua, gritando e cantando coisas sem sentido, mas com muita raiva em cada sílaba. A esse coro juntaram-se velhos, doentes e toda aquela, até então boa gente da cidade. Gritando seus ódios pessoais e dirigindo-se a casa do estranho homem, que parecia não ter ouvido ainda os brados da turbe enfurecida. Mas se ouviu, porque não fugiu? 
De nada adiantaram os rogos do padre, pedindo bom senso, nem as ameaças do comissário de polícia e seus dois ajudantes esquálidos, não haveria balas e cela de cadeia para uma cidade inteira, que há essa hora em profana romaria enchia a rua principal, da pacata vila.
Nós, as crianças fomos poupadas do que veio a seguir, pela nossa preceptora que apesar do pouco tamanho e timidez de voz assumiu figura colossal a nossa frente e nos ordenou que a seguíssemos para a escola com ela onde passamos a noite toda cantando a plenos pulmões, para não ouvir os impropérios gritados por todos, até pelas senhoras mais recatadas.
O que conto a seguir é meio boato meio verdade, tirado de depoimentos colhidos de quem participou  do ocorrido.
Ao chegar frente ao sobrado a turba gritou por seu proprietário: Saia maldito, saia! E ele saiu. Saiu e foi espancado, cuspido e humilhado, como se fosse causa de todos os pecados do mundo, causa da ferrovia não passar mais na vila, do dinheiro e da fartura sumirem. Enquanto uma parte pilhava a casa, roubando o que podiam, e com sorrisos satisfeitos comemoravam o fruto da pilhagem outro grupo ateava fogo no que julgava inútil (livros, discos e pinturas estranhas, sem formas definidas).
Os mais exaltados, porém, e esses eram maioria gritavam em coro: Mata! Mata! E nesse frenesi que pareceu durar uma eternidade não se ouviu uma vez sequer o estranho, questionar o porquê do que estava lhe acontecendo. Quando o povo viu que o homem estava envolto em sangue e já prestes a dar seus últimos suspiros, deixaram o padre se aproximar e ouvir suas últimas palavras, um a um foram se retirando e o deixaram caído em meio a sangue e areia...
No dia seguinte, logo cedo o papa-defunto, a mando do pároco, retirou o corpo roto da rua, limpou e enterrou o estranho, e marcando sua cova com uma lápide onde podia se ler o seguinte epitáfio: "Sinceridade é como uma roupa que quando lhe serve, você não pode comprar, e quando compra não lhe cai bem. Agora voltarei a me vestir conforme a ocasião...e nunca mais confiarei na humanidade."
Após isso, o padre tirou a batina fechou a igreja e deixou a cidade, falando que deus já a havia abandonado muito antes. Dizem que se matou pouco tempo depois, atormentado talvez pelas últimas palavras do estranho. Desse momento em diante a cidade, como que tomada por uma praga foi definhando cada vez mais, e seus moradores foram vivendo e morrendo suas vidas como se nada houvesse acontecido, como se não tivesem participado do crime. Não falavam entre si sobre o assunto, mas olhavam uns para os outros com olhares de culpa. E desse momento em diante, não houve paz, nem esperança. Ela morreu com o estranho e como ele ficou, sem nome e sem voz...



Sugar on the floor - Tradução

Adoro a letra dessa música, cantada por Etta James ou Elton jhon não importa...
traduzi para você minha alma, minha flôr, shirlena.

 Açucar no chão

Tudo que preciso,
tudo que preciso é de alguém para amar
Tudo que preciso,
tudo que preciso é de alguém que se preocupe comigo
Então não vou ser desperdiçada
Oh, perdida no chão
Oh I, oh I
Eu me sinto como se fosse de açúcar no chão


É agradável estar com você
Mas meus lábios não queimam
Eu me sinto tão insegura
Quando você tenta ser gentil
Será que poderia, poderia pedir mais?
Sinto-me como o açúcar no chão
Açúcar no chão
Açúcar no chão


Olhando agora sei que você só quer estar comigo
Mas mesmo assim preciso de um motivo para deixar o passado para trás
Não há um jeito fácil
Não há um jeito fácil
De aprender a voar
Espero poder cuidar
Quando me viro você está lá
Devo, devo pedir mais?
Me sinto como o açúcar no chão
Me sinto como o açúcar no chão
Açúcar no chão


 É agradável estar com você
Mas queria que estivéssemos mais próximos
Porque estou vivendo um sonho
E não posso te mostrar
E ainda assim você é tão gentil
Quando, quando estaria certa?
Me sinto como se fosse açúcar no chão
como o açúcar no chão


Tudo que preciso,
tudo que preciso é de alguém para amar
Tudo que preciso,
tudo que preciso é de alguém que cuide de mim
Então não vou ser desperdiçada
Oh, perdida no chão
Oh I, oh !
Me sinto como se fosse açúcar no chão



A palavra certa

Quando conheci você te ofereci uma flor, recurso universal dos enamorados. Plantastes então dúvidas e curiosidades. Logo te mostrei o meu (quase nunca usado) sorriso sincero e recebi em troca olhares de desconfiança.
Procurei as palavras, minhas e de outros para evidenciar minhas certezas e sentenças – em vão. Citei Leminsk, Bandeira e Whitman; cantei Baden, Cartola e tantos mais; todos os dias. Ouvi injustiças.
Por pecados meus de ontem, há muito esquecidos, pedi perdão e até pelos de um improvável amanhã. Quebrei barreiras dizendo a mim, ao mundo e a ti o quanto és e o que és. Encontrei no eco de minhas palavras não aceitas a certeza de que, se estava fadado a sofrer, seria por ti.
 - Tamanha era (é) minha certeza deste e de todos os sentimentos idos ao teu encontro que não encontram abrigo.
Existe a palavra certa para exprimir o que sentimos e pensamos? Existe o momento certo para saber amar?
Sempre achei que palavras são como roupas, muda-se o estilo e quem veste/escreve muda também. Não media o tempo, vivia a certeza da brevidade da minha existência e me agarrava as minhas convicções com tanta força e paixão que cada fim de dia era comemorado como um milagre em particular, verdadeiro momento da criação. O mais próximo de Deus que pude chegar.
Mudei minhas vestes, parei o tempo – tu, meu universo particular.  – com leis e regras próprias. Onde sou pequeno como uma gota, infinito e completo.
Você é meu lugar, minha terra onde os dias tem todas as horas, as tristezas e alegrias são infinitamente maiores.
 Não sou sombra, sou de carne e agora sangro.
Sou bom porque sou contigo
O que não fui e nunca quis ser.
Você pode não ser minha alma, mas ajudou a moldá-la.



Brilho dos meus olhos, alvo de meus desvelos...

"Uns tomam éter,outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria..."(M.bandeira)


E eu que, no decorrer dessa minha vida desregrada, loucos anos, tive muito e pouco dei de mim. Quis demais e nada (re)tive. Procurei na artificialidade momentânea da expirementação o que não encontrei em nenhum ser vivente. 

Sem promessas, ou aviso, apareceu e criou laços e me deixei entrar nesse estado de querer, poder ser e desejar, não voluptuosamente apenas, mas com um desejo irradiante a ofuscar meus olhos e queimar a pele.

Ainda sinto as dores e vivo muito do cinza
Ainda temo e sofro meus males
Mas no horizonte que contemplo
em verdade de sentimentos e quereres digo
Alma minha, está aqui: Você
Brilho dos meus olhos, alvo de meus desvelos...



   

O que é a didática do ensino superior e como você compreende a didática na atualidade?



A didática é a ferramenta mais importante para o profissional de qualquer nível de ensino e deve ser levada em conta em todas as etapas deste, tem lugar desde o planejamento das atividades até o momento da avaliação. Ela reúne os saberes e valores que serão repassados à clientela e que tornarão a disciplina interessante e acessível. A didática na academia deve ser um dos principais recursos a ser contemplados e deve ser buscada como pré-requisito per se para ser diferenciada, abrangente. Enquanto técnica de dirigir e orientar a aprendizagem deve estar sempre em processo de construção; como técnica de ensino definirá o nível de comprometimento do profissional, pois este deve estar sempre atualizando sua relação com a(s) disciplina(s) que ministra. Como ferramenta sua aplicação é limitada a percepção que o usuário faz da importância dela, e quanto maior a necessidade de se trabalhar este ou aquele aspecto maior será a necessidade do profissional em dominá-la.

(José cláudio soares, Professor, Especialista em Docência do Ensino Superior)

BAIÃO DE DOIS



Trabalho em uma cidade onde a migração nordestina foi intensa e onde a cultura dessa região se faz muito presente. Apresento um prato (com algumas modificações minhas, para o prato original cliqueaqui) que aprendi a gostar muito.

Baião de dois
1 kg de feijão
½ kg de arroz
½ kg de queijo coalho
1 cebola grande picada
Alho picado
cebola
100g de bacon
Cheiro verde
Pimenta e cominho
Coloral (ou urucum)
Sal a gosto
 Modo de preparo
Leve o feijão ao fogo em uma panela com ½ litro de água, quando o feijão começar a amolecer, corte o bacon e frite com alho e cebola, cheiro verde, sal, pimenta e cominho. Acrescente ao feijão e jogue o urucum. Deixe ferver e coloque o arroz. Quando a água começar a secar, misture o queijo picado, baixe o fogo e deixe terminar de cozinhar. Sirva sozinho ou como acompanhamento.

BADEN POWELL


        Em minha opinião, o maior violonista do mundo. Apaixonei-me pelo instrumento ao ouvi-lo tocar e pela sua história vida também, ao pé do morro do Tuiuti, pegado ao morro da mangueira, ambiente musicalmente rico e cheio de contrastes que colaboraram (aliados a influência do pai, “seu” Lilo de Aquino, requisitado das rodas musicais de chorões) para o desenvolvimento desse mestre da nossa música. Travei contato com seu trabalho por ser admirador da obra de Pixinguinha, com quem tocou (Pixinguinha já era músico renomado, quando conheceu e percebeu a genialidade do jovem músico). Adorei a sonoridade e fui pesquisar quem eram os músicos descobrindo então um Baden Powell em início do que viria a ser uma carreira prolífica e magistral. Virtuose mesclou violão popular, samba, elementos do choro (das rodas que frequentou com o pai desde cedo), jazz, bossa nova e violão clássico.
Da parceria com Vinícius de Moraes (uma das mais férteis de nossa música), temos dois gênios que se somaram e produziram obras primas como berimbau e entre 1962 e 1965 o poderoso conjunto de onze canções entre elas canto de xangô e canto de ossanha  - os consagrados afro-sambas - dentre outros. Uma de minhas prediletas é samba de prelúdio.
A parceria com Paulo César Pinheiro, seguramente o maior letrista da MPB (samba do perdão e aviso aos navegantes, gravados por Elis Regina) com canções imprescindíveis como violão vadio e é da lei.
O fato de se tornar evangélico ao fim da vida e ter alterado alguma de suas músicas não o diminui como o artista que sempre será. Dono de um domínio musical próprio, definitivo.
Para saber mais acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Baden_Powell

Minha alma, minha palma

Fiz minhas as palavras alheias para reforçar e gritar ao mundo os sentimentos, que afloram a todo momento:
Funestas horas, assombradas horas
Aquelas, sem tua amada presença
Me abate cruel, a louca descrença
Ai, se me esqueces, ai, se me ignoras...

O mundo é nada, apenas solidão
Como um imenso mar em desespero
Para onde seguem rios em desterro
Sem causa ou verdadeira motivação

Tu és vida, sol que dá luz, aquece
Prémio a toda minha súplica, à prece
Feita com tanta fé, refrigério d’alma

E, há tanto encantamento, de tal forma
Mesmo no céu, não há lei ou norma
A me furtar teu amor, a minha palma
  
Vera Linden, São Leopoldo, Brasil - Retirado de: http://luaafricana.blogspot.com.br/2011/04/minha-alma-minha-palma.html

O Pequeno Príncipe (trecho)

E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.

E eu não tenho necessidade de ti.

E tu não tens necessidade de mim.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

Vida em aldeia, vizinhos e internautas.




Ao travar contato com um texto de CONY, acerca da atual incomunicabilidade das pessoas, em decorrência do ritmo de vida e outras questões que nos levaram a viver em “ilhas”, onde as relações de outrora perdem significado e parecem por vezes impraticáveis no contexto da sociedade atual. Questiono o quanto esse panorama é ao mesmo tempo flagrante e socialmente aceitável a ponto de não percebemos esse processo de introspecção.
Trabalhando há algum tempo aldeado, as margens do rio Guamá , longe do modo de vida com o qual estava acostumado, me vi forçado a reformular minha relação com as pessoas e comigo mesmo drasticamente; esse distanciamento de todas as minhas referências e a precariedade de comunicação, me assustaram. Já havia trabalhado anos em comunidades afastadas dos grandes centros, mas sempre com recursos de telefonia e internet a mão que davam uma sensação de proximidade (por mais paradoxal que seja), aos seus referenciais sociais - engraçado que você só se dá conta da falta que as pessoas fazem quando está em realmente longe delas. Essa adaptação é difícil, pois você estabelece uma relação de dependência tão grande com seus, celulares, tablets e afins – e aí está o grande contrassenso – pois não há mais espaço para aquela conversa pachorrenta, há apenas uma estreita linha de comunicação, onde nos limitamos a “curtir”, “comentar” e pasmem: “compartilhar”? Minha agenda de celular, por exemplo, não consigo lembrar a última conversa que tive com a maioria dos contatos que estão nela, dada a falta de correspondência que há entre as pessoas, e a pouca relação que estabelecemos com elas.
A falta de minhas “muletas eletrônicas” me fez sentir um verdadeiro vazio, bem ao estilo crise de abstinência. Num momento me vi completamente isolado de tudo. Mas aí descobri um mundo novo, onde as pessoas ainda falam umas com as outras. Elas trabalham, comem e dormem como na cidade, mas em um ritmo peculiar a quem vive o dia-a-dia sem pressa, sem o caos urbano. As conversas são ao pé do ouvido, aquela “invasão de privacidade gostosa”, aquele - olhos nos olhos - que encabula a quem, como eu, já estava acostumado à realidade de cidade grande onde travamos um contato ínfimo com as pessoas. Só percebemos o quão artificiais nossas relações sociais são quando nos deparamos com este tipo de realidade. Somos cunhados agora como uma aldeia global , mas continuo preferindo a aldeia Tenetehara onde vivo e trabalho. Onde aprendi a dar bom dia, a tomar café com outros jogando conversa fora. E com o “Guamazão” limpo e sobranceiro ao fundo completando a cena. Não sou mais escravo do tempo, se quero conversar não uso uma tela, se quero dizer o que penso falo a plenos pulmões -  e as pessoas escutam -  – o que é “twittar” mesmo?




Behold the storm



Behold the storm
Spare your lost soul what scream in agony
One last hope
This is all you want (what I have?)
In the lonely nights
When the same things happen
The same nightmares returns
Your name
Cut my brain brushing…
Leave behind your armor
in the battleground…
What you heart was.
Still far way for me…
‘til the last mirror broken
‘til the last star fall in the horizon
Chasing you ‘till the end.
More than a single desire
One last will
One last hope

Hundred years

Não quero passar a vida como um novo Ahasuerus, Não negarei meus sentimentos a mim mesmo nem a ninguém, minha crença neles os fortalece. Eles existem em mim, se nutrem de minhas esperanças e sonhos. Um dia poderão ser aceitos – ou não. Mas até esse dia, por mim serão cuidados. Não serei condenado Morro por eles, mas não sem antes os deixar sair. Para ir de encontro ao templo do que desejam...

Acesso total a quase nada


O famoso sociólogo Donald Levine  em um de seus trabalhos discute uma das características de nosso tempo: a visão fragmentária do mundo. Hoje não lemos mais obras inteiras, lemos resumos. Nosso conhecimento é volátil e limitado ao que a mídia nos “oferece”, quase sempre conteúdo de utilidade e gosto duvidosos, porém disfarçados de necessários.  Nesse contexto a vida desta ou daquela subcelebridade tem tanto ou mais destaque quanto a guerra civil em Uganda. E no emaranhado de informações desencontradas vemos o jovem perdido entre o que levar em conta ou não. E de quem deve ser a responsabilidade por essa instrução? A sociedade e os indivíduos, por força do estilo de vida atual estão cada vez mais sociocentrados, restando assim como único escape a escola, a única “responsável” por educar os jovens, pois os pais não dispõem de tempo, interesse ou conhecimentos suficientes (ou assim julgam) para instruir seus filhos.
Conseguimos nos declarar desinformados em plena era da informação. A um clique podemos acessar a biblioteca britânica, em segundos visitar as maiores instituições educacionais do mundo, simultaneamente escutando César Frank ou Mano Chao, mas preferimos modificar nosso perfil no Myspace, ou cuidar de nossa fazenda no  Farmville. (inserir link) Não quero estimular uma caça às bruxas virtual, mas o tempo que passamos conectados poderia ser mais bem utilizado se tivéssemos uma visão e propósitos mais fundamentados e contextualizados. Nessa sociedade consumista, superficial e sem memória, perdemos a noção dos valores realmente importantes a se agregar e acabamos relegando a segundo plano justamente os saberes que nos ajudariam a construir um pensamento crítico mais abalizado. Mas em lugar disso produzimos e lançamos na sociedade indivíduos com limitada capacidade argumentar, defender ideias – e isso faz com que vivamos como gado, indo com a manada, vazios de propósito, de significado. Temos essa possibilidade de acesso infinito a informação e consequente Aí pergunto: - foi por isso que tantos se sacrificaram durante a ditadura militar? Lutou-se tanto por liberdade de expressão, pelo direito a informação para vermos bibliotecas e mentes cada vez mais vazias?

Até quando...


Perguntaram-me uma vez se já havia me apaixonado,
Respondi de pronto: - Sou apaixonado sempre
Vivo tudo o que sou e faço com paixão
Não há espaço para reflexão ou arrependimento
Não há amanhã.
Perguntaram-me então: você já se apaixonou por alguém? Ao que respondi:
O que é estar apaixonado?
É querer a ponto de sentir dor quando não se tem a pessoa por perto?
E passar a noite acordado olhando a pessoa dormir em nossos braços e querer que o momento não acabe?
E largar tudo pro alto só pra estar perto?
É esperar ouvir ao menos a voz da pessoa?
Falaram-me que paixão é só pele, que sentimento mesmo é amar.
Que querer bem é gostar e desejo é só carne (ou pele, ou paixão)
E quem assim como eu deseja na mesma medida em que quer bem?
Definirá uma simples palavra o meu sentimento?
Se minha vontade de ter quem quero junto a mim é tanta que no auge de minha eloquência,
Balbucio apenas: - saudades de ti...
Mas cheio de inferências, nuances, propósitos e esperanças muitas, todas.
Mesmo que dissesse mil vezes, ou mais...
Uma palavra não definiria o que sinto,
Êxtase, paz, deslumbramento.
Entrega e certeza, futuro.
Escolha, dentre elas a que quiser, pois em quem gosto,
Existe isso e mais...
Sinto tudo isso e mais...
Mais do que mereço
Até quando não sei
Por isso agora vivo tudo o que sou e faço com paixão
Ainda não há espaço para reflexão ou arrependimento
Mas agora há um amanhã.
Mas até quando, só você sabe...








Não existe o melhor modo de dizer a alguém o que estamos sentindo, nem o melhor momento.
Apenas há o dizer e o não dizer
Ficamos com medo, o coração dispara e a garganta trava.
E isso não tem idade
Seja poeta, tímido, ou rebelde.
Todos sabem dizer eu te amo, basta querer.
Ouse.

Callíope de olhos escuros




[Deidade, do latim tardio deitate]: Substantivo feminino. Divindade, nume; deus ou deusa.

Páginas em branco, mente vazia. Somente o nada. Limbo existencial que bruxuleia em minha cabeça como aqueles outdoors de filmes noire dos anos 80.  E mesmo tomado pelo desespero kafkiano que aflige aqueles infelizes a quem as ideias não fluem, como os pensamentos fragmentados de um velho bêbado na porta de um bar de segunda num bairro decadente de uma cidade qualquer. Nessa metamorfose que não ajuda em nada.
Um órgão atrofiado e doente que não trabalha com a facilidade de antes. Assim está minha mente. Tratava minhas poesias como a uma amante antiga. Só há muito perdera da poesia a inspiração a forma e a métrica. Não prendia as palavras em minha mente tempo suficiente para moldá-las em algo inteligível. Faltava o ritmo, som e fúria. Faltava paixão, suor e lágrimas. Não havia mais gozo. A minha relação com as palavras estava a muito acabada. Vivendo apenas de recordações do que fora antes, como uma velha prostituta lembra-se do quanto era disputada enquanto conta os minguados trocados dos poucos clientes que ainda consegue. Minha mais fecunda criação atualmente era o vazio... Uma eterna noite sem lua onde vivia apenas vis-à-vis os mesmos dias, num ciclo aparentemente sem fim... Nem os ecos do passado, Nem fantasmas a assombrar-me... Um templo sem acólitos, fiéis ou deuses.
Quando a encontrei, meus sentidos ficaram todos em alerta, ao mesmo tempo em que surgia aquela sensação de pertencimento, de lugar onde sempre se quis estar. Aquele frio que percorre a espinha e te prepara para o bote. Não eras espectro, era ser em forma de mulher, e era bela. Não era altiva, mas poderosa, derrotou minhas defesas em segundos, e me tomou o ar e a atenção com aquele vozerio altaneiro, comum aos que devem ser obedecidos e venerados. Tento retomar o controle, em vão. Sinto então aquele cheiro de fêmea, que descontrola a minha libido na hora.  - Deidade, demônio! Não sei, mas é tudo que consigo pensar enquanto acompanho serviçalmente a dança que fazes ao caminhar a minha frente como se tivesse sido criada apenas para isso – extasiar-me...
Não a peguei e prendi com rituais arcanos, apenas me aproximei, não cultuei sua marca, apenas chamei pelo teu nome ancestral não uma, mas muitas vezes.
 - O que queres de mim afinal? Perguntou. O que se pode querer de uma deidade, de uma musa? Respondi. - Seja minha inspiração oh deusa, que tua voz rouca me desperte desse sono sem sonhos. Quero sentir, e sorver cada nuance, e cada faceta tua quero contemplar. E você me concedeu conhecê-la. Ora vens a mim como deleite, ora em frenesi. Da tua forma que sei bem, quero tudo, desde o gosto do teu sexo em minha boca ao calor e pulsar célere do teu coração que sinto em minhas mãos quando toco teus seios. Guardo sempre a lembrança de teus olhos, esses dois oceanos profundos, escuros me questionando e conhecendo a todo momento, devastando a minha alma e ao mesmo tempo me esperando, convidando... E a tua boca, ah, ainda sinto cada beijo, ainda ouço tua voz a todo tempo me impelindo até teus braços completando o meu ciclo de deslumbramento por ti.
Não precisas de mim, o que julgas sentir de verdade é apenas capricho de tua vontade, és homem e homens enganam a si e aos outros. Um dia verás isso. Vives a repetir discursos assim como se quisesse convencer a mim  de ser essa a verdade e principalmente convencer a si mesma. Não desdigas o que em mim sei e tenho como verdade. Deposito em você uma fé que nunca tive em mim. Acredites nessa declaração de quem se apresenta diante de ti despido e refeito, e pela primeira vez completo. Devolveu-me a vontade, tornou-se minha inspiração. Só te peço que aceites, minha Callíope de olhos escuros, minha moura-encantada, em troca do muito que tens me dado que aceites em troca minha devoção, o melhor dos meus dias, o primeiro e último pensamento que tenho.
                                                                                                                 


MIRROR

MIRROR
 
I am silver and exact. I have no preconceptions. Whatever I see I swallow immediately Just as it is, unmisted by love or dislike. I am not cruel, just truthful - The eye of a little god, four cournered. Most of the time I meditate on the opposite wall. It is pink, with speckles. I have looked at it so long I think it is a part of my heart. But it flickers. Faces and darkness separate us over and over. Now I am a lake. A woman bends over me, Searching my reaches for what she really is. Then she turns to those liars, the candles or the moon. I see her back, and reflect it faithfully. She rewards me with tears and an agitation of hands I am important to her. She comes and goes. Each morning it is her face that replaces the darkness. In me she has drowned a young girl, and in me an old woman Rises toward her day after day, like a terrible fish. 


ESPELHO

         Sou de prata e exacto. Não faço pré-julgamentos. O que vejo engulo de imediato Tal como é, sem me embaçar de amor ou desgosto. Não sou cruel, simplesmente verídico — O olho de um pequeno deus, de quatro cantos. Reflicto todo o tempo sobre a parede em frente. É rosa, manchada. Fitei-a tanto Que a sinto parte do meu coração. Mas cede. Faces e escuridão insistem em separar-nos. Agora eu sou um lago. Uma mulher se encosta a mim, Buscando na minha posse o que realmente é. Mas logo se volta para aqueles farsantes, o brilho e a lua. Vejo as suas costas e reflicto-as na íntegra. Ela paga-me em choro e em agitação de mãos. Eu sou importante para ela. Ela vai e vem. A cada manhã a sua face alterna com a escuridão. Em mim se afogou uma menina, e em mim uma velha Salta sobre ela dia após dia como um peixe horrível.

E todas as coisas...

Essa minha vida, como numa pintura de Pollock, abstrata e visceral, sem rumo...início, meio ou fim.

A ti Baal...

Te ofereço O calor de nossas horas O melhor de meus dias A vontade de ti No desejo... De mais um momento e de Palavras e toques... Nossos iniguáveis olhares cúmplices. Ah tempo, cruel e implacável Porque não és do tamanho da minha vontade? Por que não o posso controlar ? Nesse mundo temos distância e em mundos separados vivemos mas tão próxima você está de mim como o calor do dia e no contar lento e inexorável do tempo eu espero, desejo e fantasio...

Erro


Erro é teu.
Amei-te um dia
Com esse amor passageiro
Que nasce na fantasia
E não chega ao coração
Nem foi amor, foi apenas
Uma ligeira impressão
Um querer indiferente,
Em tua presença vivo
Nulo se estavas ausente.
E se ora me vês esquivo
Se, como outrora, não vês
Meus incensos de poeta
Ir eu queimar a teus pés
É que, — como obra de um dia
Passou-me essa fantasia.
Para eu amar-te devias
Outra ser e não como eras.
Tuas frívolas quimeras
Teu vão amor de ti mesma
 Essa pêndula gelada
Que chamavas coração
Eram bem fracos liames
Para que a alma enamorada
Me conseguissem prender
Foram baldados tentames
Saiu contra ti o azar
E embora pouca, perdeste
A glória de me arrastar
Ao teu carro...Vãs quimeras!
Para eu amar-te devias
Outra ser e não como eras...

(Machado de Assis, in 'Crisálidas')

O melhor lugar

Horas e horas Entre aqui e você O que a distancia mede, o tamanho da minha vontade? Cheiro bom, tuas unhas, minhas mãos, nossas bocas... E nesse ir e vir Sobra distancia, falta presença. .. Mas fica a certeza Da necessidade de te sentir Suando, gemendo e amando... Saudades de ti Saudades de nós e Querendo mais uma vez me encontrar No conforto das tuas ancas.