Sistema de cotas, mais erros que acertos



Atualmente muito se tem discutido acerca do sistema de cotas que tem sido adotado no Brasil, sistema esse que, em tese facilitaria o ingresso às IES (instituições de ensino superior) de alunos negros, pardos e indígenas, alegando para tanto que essas errôneamente denominadas minorias teriam menos condições de ingressar nas referidas instituições que alunos considerados brancos.
O sistema de cotas é um dos vários mecanismos usados nas chamadas ações afirmativas ou discriminação positiva que surgiram nos EUA na década de 1960, como forma de promover a igualdade entre os negros e brancos norte-americanos. Posteriormente esse sistema foi modificado e adotado em alguns países da Europa (onde também não alcançou seu objetivo inicial). As discussões acerca do assunto carecem na maioria das vezes de critérios de rigor científico(profissionais das áreas de educação, operadores do direito, etc..) ficando o debate relegado a esfera política onde a questão acaba sendo usada de maneira leviana para promover os interesses de certos grupos políticos, que procuram disfarçar as falhas na sua gestão adotando esta prática que nada mais é que um assistencialismo disfarçado que não beneficia a todos os que teriam dificuldade de acesso às IES pois o maior impedimento ao acesso que se enfrenta no exemplo brasileiro é o econômico, e não o racial. Uma pessoa dita branca e pobre tem tanta dificuldade de ingressar em uma instituição de ensino superior quanto um negro, pardo ou indígena. A carência está na educação pública de base, no ciclo fundamental e médio. As escolas estão sucateadas os professores com baixos salários não recebem do governo incentivos para buscar qualificação através de cursos de graduação, extensão e pós graduações lato e stricto sensu . Se esses níveis recebessem maiores incentivos, os alunos egressos destas instituições poderiam competir em igualdade de condições com alunos oriundos do sistema privado. Outro problema no caso brasileiro são os critérios adotados. A definição de negro, pardo e índio é feita de modo subjetivo através de entrevistas onde o candidato se declara ou não pertencente a um desses grupos, o que é praticamente impraticável num país com tamanho grau de miscigenação/mestiçagem. O sistema de cotas/ ações afirmativas nesses quase 50 anos de sua criação não alcançou o resultado esperado nos países em que foi implantado apesar dos altos investimentos. O governo brasileiro ignora esse precedente e adotar um sistema que não funcionou no contexto em que fora criado, em lugar de promover a melhorias econômico-sociais necessárias para que TODOS independente da cor da pele da religião que professam ou do gênero ao qual pertençam tenham sua cidadania respeitada e possam ter acesso a uma educação de qualidade. Corre o risco de aumentar os preconceitos, de criar a imagem de cidadãos de segunda classe, o que é inconcebível numa nação que se propõe democrática.


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