Acesso total a quase nada


O famoso sociólogo Donald Levine  em um de seus trabalhos discute uma das características de nosso tempo: a visão fragmentária do mundo. Hoje não lemos mais obras inteiras, lemos resumos. Nosso conhecimento é volátil e limitado ao que a mídia nos “oferece”, quase sempre conteúdo de utilidade e gosto duvidosos, porém disfarçados de necessários.  Nesse contexto a vida desta ou daquela subcelebridade tem tanto ou mais destaque quanto a guerra civil em Uganda. E no emaranhado de informações desencontradas vemos o jovem perdido entre o que levar em conta ou não. E de quem deve ser a responsabilidade por essa instrução? A sociedade e os indivíduos, por força do estilo de vida atual estão cada vez mais sociocentrados, restando assim como único escape a escola, a única “responsável” por educar os jovens, pois os pais não dispõem de tempo, interesse ou conhecimentos suficientes (ou assim julgam) para instruir seus filhos.
Conseguimos nos declarar desinformados em plena era da informação. A um clique podemos acessar a biblioteca britânica, em segundos visitar as maiores instituições educacionais do mundo, simultaneamente escutando César Frank ou Mano Chao, mas preferimos modificar nosso perfil no Myspace, ou cuidar de nossa fazenda no  Farmville. (inserir link) Não quero estimular uma caça às bruxas virtual, mas o tempo que passamos conectados poderia ser mais bem utilizado se tivéssemos uma visão e propósitos mais fundamentados e contextualizados. Nessa sociedade consumista, superficial e sem memória, perdemos a noção dos valores realmente importantes a se agregar e acabamos relegando a segundo plano justamente os saberes que nos ajudariam a construir um pensamento crítico mais abalizado. Mas em lugar disso produzimos e lançamos na sociedade indivíduos com limitada capacidade argumentar, defender ideias – e isso faz com que vivamos como gado, indo com a manada, vazios de propósito, de significado. Temos essa possibilidade de acesso infinito a informação e consequente Aí pergunto: - foi por isso que tantos se sacrificaram durante a ditadura militar? Lutou-se tanto por liberdade de expressão, pelo direito a informação para vermos bibliotecas e mentes cada vez mais vazias?

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