Vida em aldeia, vizinhos e internautas.




Ao travar contato com um texto de CONY, acerca da atual incomunicabilidade das pessoas, em decorrência do ritmo de vida e outras questões que nos levaram a viver em “ilhas”, onde as relações de outrora perdem significado e parecem por vezes impraticáveis no contexto da sociedade atual. Questiono o quanto esse panorama é ao mesmo tempo flagrante e socialmente aceitável a ponto de não percebemos esse processo de introspecção.
Trabalhando há algum tempo aldeado, as margens do rio Guamá , longe do modo de vida com o qual estava acostumado, me vi forçado a reformular minha relação com as pessoas e comigo mesmo drasticamente; esse distanciamento de todas as minhas referências e a precariedade de comunicação, me assustaram. Já havia trabalhado anos em comunidades afastadas dos grandes centros, mas sempre com recursos de telefonia e internet a mão que davam uma sensação de proximidade (por mais paradoxal que seja), aos seus referenciais sociais - engraçado que você só se dá conta da falta que as pessoas fazem quando está em realmente longe delas. Essa adaptação é difícil, pois você estabelece uma relação de dependência tão grande com seus, celulares, tablets e afins – e aí está o grande contrassenso – pois não há mais espaço para aquela conversa pachorrenta, há apenas uma estreita linha de comunicação, onde nos limitamos a “curtir”, “comentar” e pasmem: “compartilhar”? Minha agenda de celular, por exemplo, não consigo lembrar a última conversa que tive com a maioria dos contatos que estão nela, dada a falta de correspondência que há entre as pessoas, e a pouca relação que estabelecemos com elas.
A falta de minhas “muletas eletrônicas” me fez sentir um verdadeiro vazio, bem ao estilo crise de abstinência. Num momento me vi completamente isolado de tudo. Mas aí descobri um mundo novo, onde as pessoas ainda falam umas com as outras. Elas trabalham, comem e dormem como na cidade, mas em um ritmo peculiar a quem vive o dia-a-dia sem pressa, sem o caos urbano. As conversas são ao pé do ouvido, aquela “invasão de privacidade gostosa”, aquele - olhos nos olhos - que encabula a quem, como eu, já estava acostumado à realidade de cidade grande onde travamos um contato ínfimo com as pessoas. Só percebemos o quão artificiais nossas relações sociais são quando nos deparamos com este tipo de realidade. Somos cunhados agora como uma aldeia global , mas continuo preferindo a aldeia Tenetehara onde vivo e trabalho. Onde aprendi a dar bom dia, a tomar café com outros jogando conversa fora. E com o “Guamazão” limpo e sobranceiro ao fundo completando a cena. Não sou mais escravo do tempo, se quero conversar não uso uma tela, se quero dizer o que penso falo a plenos pulmões -  e as pessoas escutam -  – o que é “twittar” mesmo?




Um comentário:

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