O que resta de mim...

Minha garganta dói, na falta da voz minha mão fala por mim, só que sem a educação e afetação daquela. Enquanto a voz é agradável e procurada, desejada por quase todos, a mão é áspera, calosa, de unhas roídas e sujas, nunca elogiada, apenas manipulada como seu destino ordena. mas como tudo que é oprimido e sofrido durante muito tempo, sabe muito bem o que dizer quando tem direito a voz, direito a vez. Não diz o belo, nem o correto, fala do torto, do roto, do abjeto. Fala  do que não aparece na novela ou nos reclames de cerveja. Não agrada a ninguém, nem a si mesma, posto que apenas abre portas, serve aos outros, nem um afago pode fazer a si própria, depende de suas iguais e da vontade alheia que está sempre preocupada com outros assuntos. Aproveita então esse momento e crie, grite, subverta tua condição de instrumento e mude a tua sina! Seja agora a portadora, a voz que fala solitária como o próprio vício, mas que fala por muitos...

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